Fundação

Inicialmente, o Reitor da UFC, Prof. Roberto Cláudio manifestou o desejo de interiorizar uma faculdade de medicina na Zona Norte, em Sobral e outra no Cariri. Esperto, o deputado federal, Rómmel Feijó, iniciou conversações semanais com o reitor Roberto Cláudio, provando que a Faculdade de Medicina do Cariri deveria localizar-se em Barbalha, alegando três razões de capital importância para tal:

1) A rede hospitalar de Barbalha

2) As tradições médicas da nossa cidade, desde 1922, com Dr. Leão Sampaio

3) Juazeiro do Norte já possuía sua faculdade de Medicina particular, a FMJ, da fundação Estácio de Sá

A partir dessa premissa, o deputado, semanalmente, passava no gabinete do reitor da UFC e deixava um texto que me pedia, mostrando as tradições médicas de Barbalha, desde o século XVI, com os seus grandes médicos que fizeram de Barbalha um pólomédico de grande valor, atraindo clientes de todo o sertão.

Basta que se diga que, a partir de 1921, o Dr. Leão Sampaio operava cataratas e glaucomas em Barbalha sempre com sucesso. Isso muito antes do advento da era hospitalar do Cariri, antes da chegada da energia elétrica de Paulo Afonso. Do Dr. Rómmel Feijó recebi até um aparelho de fax de presente. Cheguei a escrever 8 capítulos da história da medicina de Barbalha, para sensibilizar o reitor da UFC.

Pois bem, um belo dia, o deputado chegou a Barbalha, trazendo um arquiteto da UFC que visitou vários prédios públicos de Barbalha, fixando-se inarredavelmente, no portentoso prédio do colégio Santo Antônio que funcionava sob a direção da ordem do Divino Salvador, surgindo o primeiro grande impasse: como conseguir que o Centro de Melhoramento de Barbalha cedesse aquele portentoso prédio, se o colégio Santo Antônio ali funcionava plenamente e jamais poderia ser despejado?

Foi ai que entrou o acedrado espírito público do Dr. Fabiano Livônio Sampaio, presidente do Centro de Melhoramento de Barbalha, proprietário do colégio Santo Antônio que, uma vez procurado pelo deputado Rómmel Feijó, respondeu satisfatoriamente: “O prédio é da Faculdade, desde que o governador Tasso Jereissati construa outro prédio para o novo colégio Santo Antônio que não pode ficar sem uma sede compatível com as suas tradições.

Pois bem, a Faculdade de Medicina tomou conta do portentoso prédio e seus alunos ficaram espalhados por vários pontos da cidade.

Situação incômoda e vexatória, até que, quando da inauguração do Centro de Oncologia do Hospital-Maternidade São Vicente de Paulo, estavam na marquise central do hospital, o Ministro da Saúde, Dr. José Serra, o governador Tasso Jereissati e o deputado Rómmel Feijó e na hora dos discursos, os alunos do colégio Santo Antônio desfraldaram uma grande faixa com os dizeres: “Queremos um novo prédio para o Colégio Santo Antônio”!

Imediatamente, o governador respondeu: “Fiquem certos que, na próxima semana, iniciaremos a construção do novo colégio Santo Antônio. Efetivamente, em pouco tempo, o novo prédio foi erguido pelo governo, na saída para Juazeiro, na confluência das Avenidas Leão Sampaio e Lyrio Callou.

Promessa realmente de estadista, o governador, a quem Barbalha deve também o anexo do Centro de Oncologia do Hospital-Maternidade São Vicente de Paulo, totalmente equipado com o que havia de mais moderno por ordem do Ministro da Saúde, Dr. José Serra.

Foi assim que Barbalha ganhou a sua Faculdade de Medicina da UFC sem perder o seu tradicional colégio Santo Antônio, vindo da década de 1950.

Vale ressaltar também os esforços dos prefeitos, Dr. Antônio Inaldo de Sá Barreto e Dr. Edmundo de Sá Filho, que tudo fizeram para que Barbalha tivesse a sua Faculdade de Medicina.

É oportuno salientar que o prefeito Dr. Edmundo de Sá Filho enfrentou tremenda pressão do corpo discente da faculdade, inclusive greve dos estudantes, sem falar na pressão externa que foi tremenda. Já na implantação curricular da faculdade, o barbalhense, professor Marciano de Lima Sampaio, filho do Dr. Pio Sampaio, um dos luminares da medicina de Barbalha, foi também um desbravador. Dr. Acad Napoleão Tavares Neves, médico e membro da Academia Cearense de Medicina, tomou parte ativa na campanha para escolha do nome do diretório acadêmico da nova faculdade, quase que impondo aureolando nome do Dr. Leão Sampaio.

Posteriormente, fui convidado pelo prof. Marcos Cunha para integrar o comitê científico de ética da faculdade, função que renunciei em 2011 quando meus 80 anos impediram-me de subir os 38 degraus da escadaria da faculdade até a sala de reuniões.

Portanto, em largos traços, é esse o resumo da história da faculdade de Medicina de Barbalha que hoje tem um dos mais concorridos vestibulares do Ceará, com 26 candidatos disputando uma das vagas de cerca de 40, nesses já 10 anos de funcionamento.

Valeu a pena tanta luta e tanto esforço de todos, mais uma vez predominando sentido de trabalho comunitário aqui implantado no passado pelo benemérito, José de Sá Barreto Sampaio, “Zuca Sampaio” e por seu filho e continuador, Antônio Costa Sampaio, o homem que construiu o portentoso prédio da faculdade com esmolas e doações, inclusive com verbas federais conseguidas por seu irmão, deputado federal Dr. Leão Sampaio. E assim, Barbalha continua lutando e trabalhando com AS ARMAS DA LUZ, conforme dístico do seu brasão.